segunda-feira, 14 de abril de 2014

O que um método ou prática de yoga contribui para a minha felicidade?



Antes é importante perceber que quando se refere felicidade falamos da natureza essencial do individuo. Natureza essa que não se cria ou obtém pelo acumulo do quer que seja, por conquistas, vitórias, ganhos, sucessos, que simplesmente se reconhece eliminando a ignorância sobre nós mesmos. Então, diria que em nada contribui para a felicidade, mas antes, para o seu reconhecimento.
O que representa estender um tapete, seguir um método, praticar asanas, pranayamas, mantras? O que representa sentar e meditar? O que representa o acto de reunir indivíduos para um satsanga? O que representa o acto de realizar puja (ritual de reverência a deidades), ou seva ( prestar um serviço livre do desejo por resultado, reconhecimento ou quer que seja)?
Como contribuem para um estado de yoga, uma vida de yoga?
É positivo se assalta ao pensamento tais questões, se me predisponho a um olhar critico sobre os actos e factos. A crença e fé cega per si não coloca o individuo numa situação capaz de discernir, entender com clareza e objectividade qualquer assunto, qualquer propósito. Então, esta atitude é válida para todos os meus actos. Seja estender o tapete e praticar astanga vinyasa yoga, seja participar num puja, num kirtan, seja cozinhando, lavando, limpando, comunicando, relacionando-me, dançando, cantando e por aí fora.
É certo que tal não é comum. Desde tenra idade somos ensinados a obedecer e por consequência a pouco pensar ou questionar. Acomodamo-nos a um determinado padrão e condenamo-nos a uma vida em permanente conflito, condicionada e limitada.
Tudo aquilo que nos compõe e faz de nós um ser humano é alvo de dor e sofrimento. Um corpo e mente inábeis para um equilíbrio e maturidade emocional, incapazes de se relacionar de forma saudável e inteligente com a sua natureza e consequentemente, incapazes de se relacionar com todos os seus semelhantes e o meio que os envolve.
As práticas, disciplinas são instrumentos, ferramentas que permitem ao individuo observar, explorar corpo, mente, emoções, pensamentos, sentimentos, reeducando e reestabelecendo novos padrões, valores, favoráveis a um equilíbrio físico, mental e emocional que o permita ser capaz de entender a sua natureza essencial.
 É fácil perceber como estamos emaranhados em actividades, resultados, sucessos, acumulo de coisas, vivendo em modo automático, correndo fervorosamente atrás de tudo que na verdade é nada, e que muitas vezes apenas damos conta no leito da morte.
Todas estas disciplinas contribuem para o contacto com a nossa realidade, individualidade, humanidade. Contribuem para desenvolver a capacidade de permanecer atento, consciente, desperto.Contribuem para descobrir uma energia altamente inteligente por detrás de ossos, músculos, pele, sangue.Contribuem para desenvolver sensibilidade e percepção capaz de reconhecer um silêncio sempre presente por detrás de todos os movimentos de pensar e sentir.Contribuem para desenvolver uma atitude de entrega, gratidão e devoção.  Contribuem para que o individuo consciente, de mente aquietada e coração aberto possa receber o ensinamento e entendimento do ser natural e essencialmente feliz que É.
 Diz Jiddu Krishnamurti que onde há atenção há disciplina. Então façamos das nossas acções objectos observáveis com todos os sentidos, presença e atenção. Investigando, analisando, criticando a natureza do pensamento, dos sentimentos, das emoções.
É essa atitude que fará a diferença na hora de dizer se contribuiu ou não para uma vida de yoga…

Om
Sónia.            

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