quinta-feira, 21 de maio de 2015

Criança Interior...

                         imagem retirada da internet

Para escrever este texto vou basear-me na criança tímida, cheia de medos, complexada, insegura e triste que habita em mim. Não posso afirmar que tal se deva a um determinado acontecimento deveras traumatizante. Não tenho essas memórias. Do pouco que retenho na minha mente, fui uma criança que cresceu dentro de um seio familiar com dificuldades, alegrias, tristezas, ganhos, perdas e lutando, até aos dias de hoje, por uma estabilidade. Tenho presente em mim, que dentro da conjuntura houve um interesse de me ser oferecido o melhor que se podia e conseguia. Ainda que isso tenha ficado muito aquém do que aquela criança efectivamente necessitava para se expressar, olhar com amor e carinho. 
Desde cedo criou o seu mundinho onde se refugiava, dava asas à sua imaginação e vida aos seus sonhos. Esse espaço sempre fora confortável e feliz mas porque não era real causava-lhe bastante dor. Essa mesma criança que sofre porque não aprendeu a amar o seu corpo, a sua imagem, a sua maneira de ser, agir e estar é a mesma que sente possuir dentro de si uma vida, uma voz enclausurada, aprisionada, que grita a toda a hora por libertação e que portanto não se conforma.
Lembro de uma adolescência conturbada querendo criar uma imagem à semelhança do que acreditava ser aceite, valorizado, reconhecido, amado, ignorando e menosprezando o mais simples, puro e espontâneo. Muitas foram as vezes que desejei uma pedra no coração tamanha subjectividade, muitas foram as vezes que me rotulei de depressiva, ansiosa, com graves problemas existenciais, muitas foram as vezes que fugi do mundo, de pessoas, de situações e circunstâncias por me ver incapaz. Muitas foram as tentativas de me reconhecer no mundo, sempre aos tombos com a ideia de que para isso o mundo tinha de me reconhecer…
Óbvio que atravessei momentos de muita angústia, confusão, desilusão, tristeza, dor … tive ataques de pânico, tomei medicamentos para ansiedade e depressão, bebi, fumei, fui cruel e fechei os olhos para o melhor que a vida tinha para me oferecer. O sentimento e agonia de perceber o quanto estava aquém de mim mesma, aliada à incompreensão, à incapacidade de fazer por, à ausência de coragem levou-me à exaustão, cansaço, desespero e sofrimento. Já adulta permanecia num beco sem saída, desmotivada, sem encontrar em nenhuma das coisas que o mundo me apresentava um sentido para a vida, um significado objectivo e claro. Sentia-me perdida, revoltada, amargurada. Carente de amor, atenção, valor, que o mundo e pessoas por si só não saciavam. Uma inquietação, desejo por um pacto de paz em mim, por mim, desejo de me ver feliz, inteira, satisfeita, realizada, capaz! Desejo de poder expressar, de sair de trás do pano, de deixar cair a máscara e ser! Ser com verdade, ser no medo, na timidez, na vergonha, na tristeza, na alegria, no complexo de inferioridade ou quer que seja.
Deixar de ser vítima de si mesma, dos outros e do mundo, para assumir genuinamente a parte da sua responsabilidade e agarrar as rédeas da própria vida, é o presente que essa criança me oferece.
Hoje, aprendo a relacionar-me com ela de forma amorosa, aprendo a escutar os seus medos, aflições e a dar-lhe a mão. Aprendo como conduzi-la pelo mundo com senso de segurança e confiança.
Sinto que muito há por vir, que muito há para se saber, aprender, descobrir. Que a dor é inevitável assim como a panóplia de emoções. Que as possibilidades são infinitas e que é em vão querer agarrá-las, possui-las nas minhas mãos…
A cada novo dia e de mãos dadas com essa criança eu aprendo a abrir mais um tanto o coração, e pelo caminho, habilitando a mente, reconhecendo a minha limitação, impotência e entregando-me a uma inteligência bem maior do que possa conceber mentalmente.
Hoje a minha prece não é mais que eu brilhe no mundo mas sim que tenha força, coragem e determinação para abraçar tudo aquilo que a vida tem para me mostrar, ensinar e assim poder o mundo brilhar em mim.  
Deixo-vos com um simples poema, uma simples canção que compus, inspirada nessa criança, a qual decidi não só acolher e abraçar como dar a conhecer.

Om

Sónia. 


Este texto foi escrito por Sónia Andrade no âmbito da capacitação de instrutores de vedanta 

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Como é que o yoga e vedanta entraram na minha vida e que transformações isso trouxe?

O meu primeiro contacto com yoga surgiu quando soube que estava grávida. A prática de exercício físico sempre fez parte do meu dia-a-dia. De alguma forma as actividades permitiam-me extravasar o tanto que parecia conter dentro.
Como a actividade era bastante intensa, por recomendações médicas foi sugerido que parasse. Como iria eu extravasar toda aquela energia? E como lidar com todas aquelas emoções e sentimentos que me roubavam tanto a paz, que me colocavam num sobe e desce desgastante? E pior, como poderia eu continuar quando no meu corpo já não era só eu? Estava um ser a crescer dentro de mim e de alguma forma eu sentia-me responsável, motivada, empenhada em contribuir com o melhor que pudesse e conseguisse. Foi então que um amigo me falou do yoga. E lá fui eu à minha primeira aula. Lembro de sentar, olhar à minha volta e achar tudo muito estranho, mas quando pude deitar, fechar os olhos e relaxar não tive duvidas que ali queria ficar.
Entretanto a Gabi nasceu e imediatamente quis saber mais sobre yoga. Tirei uma formação onde pude ouvir sobre o seu propósito. Fazia todo o sentido. De alguma forma a mensagem respondia à minha inquietação.
Os tempos foram passando e um novo estilo de vida trazia até aos meus dias. Com isso veio também maior consciência não só física, como mental e emocional. As palavras que lera, os professores que ouvira eram insuficientes para que fizesse das suas palavras uma realidade a ser experienciada com total verdade, genuinidade. Percebia a profundidade, a seriedade, o desafio e o quanto desejava ter a oportunidade de me ver desse modo, livre, inteira, feliz. Graças ao facebook pude clicar num vídeo onde aparecia o Jonas a falar, lá na Índia. As palavras simples e cheias de verdade ressoaram tanto em mim que logo me aprontei em entrar em contacto. Comecei a assistir aos satsangas online que fazia no ashram. Ainda assim, sentia insuficiente…
Foi então que por sua sugestão fiz o primeiro estudo de texto, satpadistotram. Fiquei maravilhada com o que foi apresentado. Colocou-me noutra dimensão. Posteriormente, conheço o Jonas pessoalmente e decido iniciar um estudo tradicional de vedanta.

Tal tem trazido até mim a habilidade em me relacionar de forma mais honesta, verdadeira, simples, espontânea, delicada, comigo mesma e demais. 
Om
Sónia.

Leia também:
Este texto sobre o encontro com Vedanta foi escrito por Sónia Andrade

terça-feira, 12 de maio de 2015

Abre a mão...

imagem da internet

Não queiras de mim
Não esperes de mim
Que isso não tem fim...

Fica comigo aqui
Porque agora é que É
O ontem já se foi
E o amanhã está por vir...

Fica comigo aqui
E fala-me de ti
Temos tanto que ver
Um tudo por fazer
Mil coisas que sentir
Um mundo por descobrir...

Não me queiras para ti
Deixa-me chegar e partir
E contigo dividir
A pureza de amar...

Vem, toca a tua canção
Liberta o coração
E nessa composição
Abre a tua mão...

(Sónia Andrade) 

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Amor Escondido...

imagem retirada da internet

Deixa… deixa-me ser
Eu quero-me colher
Em genuínas palavras de amor
Que me afastam deste horror
De tudo querer ter
Para enfim me poder ver...

Deixa… deixa que te arranque o riso
Que sai no improviso daquele sorriso
Deixa que te roube o abraço
Que te alivia do cansaço deste passo a passo...

Quero pegar-te na emoção
Ao ritmo daquela canção, dá-me a mão…

Deixa sussurrar-te ao ouvido
Que jamais estive perdido
Nem aprisionado como um bandido…

Quero que me vejas e revejas
Na lama me prevejas e no caos me elejas…

Deixa-me bailar no teu corpo
Que não é nem louco
De rejeitar tamanha vida  
Num falso eu reprimida…

Quero embalar os teus sonhos
Desses teus olhos risonhos
E em jeito de dois pombinhos
Juntar os trapinhos…

(Sónia Andrade)

sábado, 9 de maio de 2015

A Criança Interior...

imagem da internet

Era um dia de Verão 
quando na imaginação
Fazia  dalim dalão
No baloiço do coração
Mas que grande emoção!

Oh doce menina
De cara franzina
Olhar traquina
Que brincalhona menina…

Cucu!
Mostra-me quantas máscaras tens tu!  
Não te vou ralhar…
Só te quero abraçar!
Vem, abre os teus braços
E fica no meu regaço…

Conta para mim as tuas fantasias
Faz-me sorrir com as mil maravilhas
Quantos são os teus fantasmas
Batemos-lhes palmas?

Oh menina!
Tu és amor
És vida cheia de cor
Pura e suave como a flor

Pedra preciosa a lapidar
Para no mundo rejubilar
E num sereno gozo criar…

(Sónia Andrade)

sexta-feira, 8 de maio de 2015

A História Deste Amor...

Imagem da internet 

A história deste amor
Disfarçada em gritos de dor
Não é conto, nem fantasia
É realidade, é dança, é melodia…

A história deste amor
Disfarçada neste temor
Não tem pressa de chegar
Nem tampouco alcançar
E neste doce abraçar
Pode enfim repousar…

A história deste amor
Que me tem como actor
Brilha com todo o esplendor
Nem luzes da ribalta
Nem aplausos da malta
Lhe roubam a cor…

Amor
Pássaro livre na madrugada a cantar
Amor
Roseira brava no campo a brotar
Amor
Corpos quentes num intenso interlaçar

Amor, amor, amor compositor…     


(Sónia Andrade)
                                

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Pensamentos Soltos # 44


Nas mãos quero o nada que me traz o imenso do tudo…
Possam elas receber singelo poiso de borboleta…
Que trazendo graça e beleza…
Nos permite apreciar com delicadeza…


 (Sónia Andrade)

domingo, 3 de maio de 2015

Pensamentos Soltos # 43


Que do caminho, pelo caminho e no caminho
Guarde a bênção de caminhar…
E a oportunidade do caminho apreciar…
Guarde a beleza de sentir
E a coragem de mais um tanto desistir…
Para que dos passos
Faça compassos…
Duma grande sinfonia
Onde me deleito em doce alegria…


(Sónia Andrade)