quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Reflexão # 74 - O Caminho é Caminhar...


Ao longo deste curto caminho pelos trilhos do yoga, comprometida em ver o emaranhado que é a mente, como é ardilosa, manipuladora, dominadora, criadora, pacificadora ou destruidora, percebo como existe uma maestria em relacionar-se com ela e como isso implica, necessariamente, caminhar na direção do reconhecimento de algo que é auto evidente, suscetível de ser percebido pelo ser humano, assim ele ouse e deseje desconstruir o gigante castelo de areia que cria a todo o momento.
Ficar próximo da sua essência não significa matar um ego, tampouco afirmar e autoafirmar que é desprovido dele. O acto de o fazer já revela a sua existência, portanto, não tem sequer um sentido lógico. Ficar perto da sua essência também não significa adotar a suposta postura exemplar, conveniente ou politicamente correcta e muito menos, a passividade de quem tudo tolera, suporta, acomoda. Isso, podemos apenas chamar de burrice, autoflagelação, desrespeito pela individualidade, personalidade, identidade de cada um.
Ficar próximo da sua essência é um passo contínuo, infinito, ritmado, leve, doce e provido de toda a delicadeza, sensibilidade na hora de entrar numa casa que é sagrada, limpa, luminosa e amorosa.
A vida com todas as suas experiências é o cenário perfeito, oferecido divinamente para ousar trilhar o caminho de todos os caminhos, o objectivo de todos os objectivos, o sonho de todos os sonhos, o amor de todos os amores, que é o reconhecimento de quem sou, o que faço aqui, de onde vim, para onde vou. A percepção dessa realidade, verdade pode estar longe do nosso entendimento mas nunca separada de todos os nossos desejos… ela é a razão de todos eles…
A inteligência perfeita na forma de forças opostas que conduzem, alinham, centram e purificam, encarregar-se-á de nos ir confidenciando através de dor, sofrimento, adversidades, alegrias, tristezas, mágoas e por aí adiante.
Haverá um tempo onde o cansaço de buscar no mundo lá fora baterá à porta. Seguro e firme desejarei ir ao encontro da razão de todos os meus desejos…
Focado nesse intento, alinhando internamente reais e verdadeiros propósitos na direcção de mim mesmo, purificarei em cada inspiração e expiração o coração. O mundo lá fora será um mero reflexo do que me habita, do que vejo, do que sinto. O mundo lá fora deixará de ser o bicho papão, o pódio de todas as minhas realizações ou a poltrona de todas as minhas insatisfações, indecisões, para ser a minha ferramenta de trabalho, observação e maturidade.
Pouco a pouco aprenderei a criar espaço, a escutar a sabedoria do corpo, das emoções e a usar a mente com a sensibilidade de quem reconhece no rosto a brisa do mar, o cheiro da flor ou da terra e o seu frescor…
Não haverá pressa de chegar, galgar, possuir ou conquistar…
O caminho é só o caminhar…
Que possamos aprender a nos cruzar com a mesma delicadeza e sensibilidade da brisa do mar… será o maior reflexo de como decido a casa cuidar…

HarihOm
Sónia A. 


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