terça-feira, 10 de outubro de 2017

Reflexão # 109 - Brincadeira de Criança...

imagem retirada da internet 

Profundamente somos crianças a brincar na roda num permanente redescobrir-se através do outro… Poder conectar-se a esse movimento interno é oferecer à nossa criança a possibilidade de crescer a partir de um lugar amoroso, compassivo, recontando uma história, habilitando a mente a vestir o papel de pai e mãe que acolhe, abraça, ampara, permitindo que seja sem julgamento, sem repressão ou contenção do que a possa assolar. Emoções serão bem-vindas, pensamentos oscilantes e controversos, ignorância, limitação, imperfeição, o material necessário para que possa reconhecer-se fonte de amor, assim como a flor.
Certamente ouviremos muitas vozes internas, conheceremos os monstros, os fantasmas, as fadas, os duendes, a sensibilidade, a inteligência e a todo o momento seremos convidados a interagir com a nossa criança e a sermos responsáveis por ela. Aprender a escutá-la vai pedir de nós um silêncio, tolerância, gentileza, espaço, disponibilidade. Nem sempre vai querer brincar e entrar na roda, nem sempre vai compreender o movimento do mundo, nem sempre vai saber dizer o porquê das suas emoções, angústias e tudo certo. Criança abre o coração para expressar a sua alegria, criatividade, curiosidade, amor, da mesma forma que uma flor abre as suas pétalas para o sol, quando sustentadas e nutridas pela terra, pela água. A inteligência sempre presente é a mesma.
Apontar, julgar toda essa panóplia que ocorre na mente e corpo emocional, condenando as escolhas, decisões, acções, é como resistir à inteligência de um fluxo vital a serviço da consciência humana. Então, que possamos errar, que possamos ignorar, que possamos questionar, que possamos duvidar, que possamos não saber, que possamos relativizar, que possamos relaxar, que possamos querer e não querer… A vida não tem uma fórmula mágica e as pessoas não estão aí para saciar vazios existenciais, senão para os espelhar. Que possamos reverenciar cada um que se aproxima para nos contar um tanto mais de nós, iluminando o tão temido quarto escuro.
Com amor,
Sónia A.